sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Um Seminário de diversidades

14/11/2007 Elisangela Oliveira*, para o 100 CanaisSeminário Internacional Saberes Vivos, realizado entre 8 e 10 de novembro em Belo Horizonte e complementar às discussões e apresentações que compuseram, junto com este espaço, a Teia 2007: Tudo de Todos, discutiu modelos educacionais, a conjuntura da Educação no país hoje, o que é e como funcionam as dinâmicas da Cultura e novas perspectivas para a Educação na diversidade cultural.
Construído a partir de um modelo de conferências, três ao todo, uma a cada dia, com participação de Ariano Suassuna, José Pacheco e Berndt Fichtner, e de três séries de mesas de discussão, distribuídas nas tardes dos três dias do Seminário, o encontro se construiu a partir de uma visão humanística da Educação, privilegiando pesquisadores e professores com esta visão e favoráveis, ou ao menos contidos em suas críticas, em relação aos programas do Ministério da Cultura.
As discussões estiveram voltadas para a questão do desenvolvimento doindivíduo dentro do processo educacional, como na educação libertária propagada por José Pacheco, vinda da Escola da Ponte, em Portugal, do que para o caráter grupal da educação, embora abraçando uma idéia de coletividade para a finalidade da Educação e do processo educativo.
A questão da coletividade, por sua vez, diz respeito principalmente à visão da importância da valorização da cultura e da diversidade cultural, praticamente consenso nas mesas, assim como à visão de que destes pontos depende tanto a vitalidade do programa Cultura Viva quanto a revitalização da instituição escolar.
Na conferência de abertura, um vivíssimo e efusivo Ariano Suassuna, de uma animação que beira o ufanismo quanto às possibilidades e potenciais do povo brasileiro, louvou a criatividade e riqueza oriundos de nossa mistura única, representada em diversidade cultural ímpare em potencial criativo ainda desconhecido, embora também fator criador do nosso “jeitinho”.
Pacheco, ao construir sua conferência a partir das dúvidas e questões da platéia, apresentou as bases da Educação Libertária da Escola da Ponte, e frisou a importância da participação dos pais na gestão e apoio à escola, assim como de uma melhor preparação dos profissionais que atuam na área, hoje alienados do significado real do processo educacional, e por isso fadados a repetirem aos educandos de hoje a educação que tiveram a 10, 20, 30ou 40 anos.
Fichtner, na última conferência do encontro, discutiu a conceituação de Cultura e de Diversidade Cultural, apresentando também suas experiências com uma educação libertária e o que percebeu do processo educacional dos índios brasileiros.
Em uma das últimas mesas, a do debate “Cultura e Educação no enfrentamento das desigualdades”, uma fala da professora Maria Helena, da Faculdade de Educação da UFMG e participantedo Ponto de Cultura desta mesma faculdade, fez a ponte entre a teoria e a prática para os pontos: “a responsabilidade das Políticas Públicas também é dos Pontos deCultura, e para que propostas boas não fiquem nas planilhas e projetos, precisamos, como Ponto, saber o que queremos”.
A atenção à educação, por sua vez, não ficou restrita ao seminário. Alternativas à educação formal e metodologias de educação oral foram discutidasnos eventos da ação Escola Viva e da Ação Griô nacional, que tiveram, especialmente a última,grande participação em todo o encontro.
*Mais detalhes, inclusive a cobertura completa das conferências, em http://www.teia2007.com.br/noticias/6481428.
*Colaborou Guilherme Jeronymo

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